Meios e recursos didático-pedagógicos

 

 

Meios e Recursos Didático-Pedagógicos e o Ensino de Ciências: o caso da Zoologia

 

Saulo Cezar Seiffert Santos

 

Os meios e recursos didático-pedagógicos    estão ligados ao escopo teórico pedagógico aplicado em formas metodológicas didáticas por meios e recursos que vão desde material físico como quadro, pincel, apagador, livro etc., como o material humano como professores e corpo pedagógico se for o caso, isto está no planejamento do professor. Também é compreendido que o processo de ensino-aprendizagem pode ser entendido como recurso metodológico como também pressupõe que para uso de um recurso há seu planejamento através de um método.

Astolfi e Develay (1990) na sua abrangência da didática das ciências experimentais compreendem a didática como a pedagogia como elementos complementares, mesmo que distintas, sendo a didática não um conjunto de disciplinas, mais um modo ou atitude de analise aos fenômenos do ensino.  Sendo que a mesma possuindo no seu escopo reflexões epistemológicas (dos saberes que ensina), psicológicas e pedagógicas. Enquanto o modelo pedagógico em relação ao modelo didática se faz no conjunto de finalidades.

Para esse ensino há o entendimento epistemológico sobre a didática das ciências que o ensino não é método OHERIC (O=observação, H=hipótese, E=experiência, R=resultados, I=interpretação, e C=conclusão), não correspondendo como método universal na pesquisa de C. Bernard (apud ASTOLFI; DEVELAY, 1990), existe a necessidade de construção de conceitos a partir das idéias de obstáculo e de ruptura epistemológica (Barchelard) e com a noção de refutabilidade (Popper).

Para melhor fundamentar a conceitos específicos da didática das ciências, há (ASTOLFI; DEVELAY, 1990):

1. A noção de fato: uma descrição do real quanto possível (observável ou produzido experimentalmente);

 2. A noção de obstáculo epistemológico: é o que se opõe ao progresso da racionalidade de uma maneira obscura e indireta no âmago do inconsciente coletivo, no segundo;

3. Compreensão de conceito científico, leis e teorias: sendo o primeiro, uma relação dos fatos que pode reaparecer em situações diversas com as qualidades de explicativo e preditivo; o segundo, organiza os fatos em conjuntos coerentes para compreensão; e o terceiro, normalmente traduzida a modelos, sendo que a teoria precede os fatos, pois os mesmo são percebíveis através de uma teoria que os contempla.

Logo os recursos para o ensino primeiro observam esses critérios para o uso responsável para professores dos procedimentos didáticos no ensino de ciências para evitar representações equivocadas em práticas didáticas, pois são bem características de cada área.

No Ensino de Biologia, Krasilchik (2004) trabalha com as modalidades didáticas, em aulas expositivas, discussões, demonstrações, aulas práticas, excursões, simulações, instrução individualizada e projetos.

No livro em relação ao “Ensino de Zoologia: ensaios didáticos” de Araújo-de-Almeida et al.(2007) tem a propostas didáticas para o ensino superior e fundamental em: Sistemática Zoológica sem as Categorias Taxonômicas, Coleções de Invertebrados, Modelagem Tridimensional de animais, Fauna inquilino de bromélias integrando a Zoologia a Educação Ambiental, Uso de espécimes biológicas em aulas do Ensino Fundamental, e o Direito Ambiental na conservação da biodiversidade no Ensino de Zoologia.

No entanto, o Ensino de Zoologia por derivar uma tradição naturalista tem por natureza o campo como sua fonte de matéria prima, os animais estão normalmente lá fora, como também há os que estão nas brechas das paredes. Mas os meios e recursos para o Ensino de Zoologia ainda estão muito vinculado ao livro didático como seu predominante uso na esfera escolar e outros recursos físicos são escassos (VASCONCELOS; SOUTO, 2003).

Como existem também as particularidades da Zoologia em relação à produção do material didático, tais como:

a)      PONTOS POSITIVOS

·         Pode-se pensar em aulas em espaços não-formais, no entanto exige-se todo um planejamento e preparação (ROCHA 2008);

·         Existe site, pode-se reprodução de vídeos e figuras em apresentações com projeto de imagens e até modelagem em três dimensões (ARAÚJO-DE-ALMEIDA 2008b);

·         Uso de paradidáticos para auxilio do estudo com interação com outros temas (MENDONÇA 2008);

 

b)      PONTOS NEUTROS

·         Os táxons animais são inúmeros e com características distintas;

·         Os táxons possuem seu nicho e habitat próprios;

·         Alguns táxons são mais fáceis de serem observáveis outros são mais difíceis de poder encontrá-los;

·         Uso de laboratório de ensino de ciências;

 

c)      PONTOS NEGATIVOS

·         O estudo das estruturas morfofisiológicas é predominante na tradição naturalista;

·         Quando se pensa em estudos zoológicos existe uma interpretação de estudo de nomenclatura zoológica;

·         Alguns animais são peçonhentos ou venenosos, deve-se ter cuidado;

·         Há poucos materiais que reproduzam caracteres dos organismos de forma que se manipule com as mãos e para obterem-se informações com os sentidos (visão, audição, odor e tato);

·         Os materiais normalmente são livros e textos zoológicos de outras regiões, há pouco material didático da fauna local.

 

Na busca de metodologias para se estudar zoologia existe as ênfases dos estudos no Ensino Fundamental: a primeira mais antiga é a naturalista, com estudo das estruturas morfofisiológico com os cuidados com a saúde e higiene e valorização da classificação animal; a segunda é o estudo proposto da sistemática filogenética com as propostas de interação com o ser humano (MAGALHÃES, 2004).

A observação de habitat, nicho, alimentação e comportamentos de animais é um estudo muito negligenciado nos programas de Biologia (KRASILCHIK, 2004, p.185). O Ensino de Ciências (Zoologia) para o ensino básico é ainda alvo de poucos estudo e produções de materiais didáticos. Logo a necessidade do ensino aproveitar as concepções prévias e move-las de forma significativa, é que se pretende relacionar no tema abaixo.

 

REFERENCIAS

ARAÚJO-DE-ALMENDA , E. et. al. A sistemática Zoologica ensinada sem o uso das categorias taxonômicas. ARAÚJO-DE-ALMENDA , E. (org.) Ensino se zoologia: ensaios didáticos. – João Pessoa, RN: Editora Universitária, 2007a.

ARAÚJO-DE-ALMENDA , E et. al. Zoologia: diversidade de táxons, de contextualizações e a importância da interdisciplinaridade. ARAÚJO-DE-ALMENDA , E. (org.) Ensino se zoologia: ensaios didáticos. – João Pessoa, RN: Editora Universitária, 2007b.

ASTOLFI, JEAN-PIERRE; DELEVAY, MICHEL. A didática das ciências. Tradução Magda S. S. Fonceca. – Campinas: Papirus, 1990.

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. -4.ed.rev.amp. – São Paulo, SP: Editora da Universidade de São Paulo, 2004.

MAGALHÃES JUNIOR, C. A. O.; OLIVEIRA, M. P. P. Anais do ENPEC. Florianópolis,  2005.

MENDONÇA, V. L. O Folclore como ferramenta de motivação para o ensino de Zoologia na escola – proposta de um livro paradidático. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Departamento de Zoologia. p.276,  2008.

ROCHA, S. B. C. A escola e os espaços não-formais: possibilidades para o ensino de ciências nos anos iniciais do ensino fundamental. Dissertação de Mestrado– Manaus: UEA / Escola Normal Superior, 2008.

VASCONCELOS, S. D.; SOUTO, E. O livro didático de Ciências no Ensino Fundamental – proposta de critérios para analise de conteúdo zoológico. Revista Ciência & Educação. v. 9, n. 1, p. 93-104, 2003.

 



Mestre em Ensino de Ciências pela Universidade do Estado do Amazonas - UEA. Expecialista em Docência do Ensino Superior pelo Centro de Pesquisa da Amazônia - CEPAM. Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM.